A Engenharia Brasileira não merece ser jogada na vala comum.
Todos os acontecimentos ligados à "política", corrupção, páginas policiais e consequências judiciais vistos nos últimos anos no nosso País, trazem uma discussão necessária sobre a relação dos setores produtivos com o poder político/administrativo, consubstanciada pelas páginas policiais e pela forma como é vista os representantes desse setor produtivo, pela população e pelo relevante apelo e questionamentos de quem não comunga dessa forma de relação esdrúxula com os políticos.
Longe de mim querer levantar a questão ideológica sobre as relações de poder, pois as mesmas são fruto de uma relação de consciência própria, uma vez que as mesmas se revelam nas expressões individuais e coletivas e seus respectivos atributos.
Mas, lembremos que nossos políticos emergem da nossa sociedade e que uma sociedade que não tem ética é que elege políticos corruptos. Não podemos, muito menos devemos, dizer que toda a sociedade, no nosso País, não tem ética. Até porque não gosto de generalizações. Assim o é, também, com os representantes do setor produtivo. E, faço o destaque para o Setor de Engenharia e suas empresas.
Não é porque temos visto tantos exemplos de "maus feitos" da parte de empresários do nosso setor que devemos tomar como causa comum. E, principalmente, quem não age dessa forma tem OBRIGAÇÃO de questionar essas práticas e levantar a bandeira do que eu chamo a BOA ENGENHARIA. Como disse, a sociedade não é totalmente corrupta. Os empresários também devem pensar assim. Aliás, tem um movimento no mundo corporativo, ainda que incipiente, buscando as boas práticas de gestão, fundamentadas no conceito de compliance, ou seja, além de cumprir normas e preceitos legais e regulamentares, evitando "desvios" de práticas e métodos, atentar para a questão da legitimidade das políticas e diretrizes estabelecidas para o negócio. Espero que esse conceito seja mais rapidamente assimilado pelo setor de Engenharia.
E, complementando, além da questão ética abordada neste texto, também considero relevante para a o Setor intensificar a qualificação, a excelência e a busca de soluções tecnicamente fundamentadas; a não aceitação de prazos insuficientes para elaboração de projetos, que desqualificam a execução e negligenciam as análises e diagnósticos necessários; e que a disputa de mercado deixe de ser meramente pelo menor preço, mas sim pela melhor qualidade dos serviços executados.
Desta forma a Boa Engenharia dará sua contribuição contra a corrupção, a qual terminamos nos "acostumando", mas que deve ser incansavelmente combatida e retirada do meio comum.
Temos técnica, profissionais e organizações capazes de conduzir esse desafio. Basta querer.
Artigo by IVAN CARLOS CUNHA